Eu tinha as palavras, mas não possuia caderno, lápis, borracha. Se falo, jamais posso recolher minha palavra. Não se pode arrepender-se do que se fala, sem sofrimentos. Se escrevo, posso me descontentar e me desfazer da palavra: rasgo, deleto, destruo. Mas não conheço borracha capaz de apagar a palavra falada.
( Queirós. Página 44)
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